sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A Parábola da Reforma

João e Maria formam aquele tipo de casal que ninguém consegue entender, tampouco explicar por que se casaram e por que ainda estão juntos.
João tem a prerrogativa de chefe da casa, mas quem manda mesmo é Maria.
Têm quatro filhos: Pedro, Marcelo, Diego e Bruno.
Dos quatro, apenas Pedro é chegado ao pai.
O restante são unha e carne com Maria.
João acostumou mal a sua família; prometeu o que não podia, mas cumpriu tudo o que prometeu. À despeito, é claro dos princípios éticos e morais. Agiu de forma desleal com quem nem podia se defender para poder dar à sua família tudo aquilo que eles queriam.
Cada um dos filhos fazia uma atividade fora de suas realidades financeiras. E alguns deles queriam, na verdade, fazer o que o outro fazia.
Maria apenas administrava os egos; sabia que quando alguma coisa estivesse em votação à mesa do café da manhã ou jantar, tinha apoio de Marcelo, Diego e Bruno. Ou seja, tinha sempre maioria.
Nos último ano, o cerco se fechara para João. Suas falcatruas vinham sendo descobertas e não conseguiria mais agradar a todos em casa. Maria começava a ameaçá-lo, dizendo que o colocaria para fora de casa.
João pensou no que fazer.
Resolveu conter gastos, mas não teria o apoio dos filhos.
Eles não queriam perder o padrão de vida conquistado.
João pensou e resolveu agradar àqueles que davam mais apoio à mãe. Explicou a Pedro, que apoiou o pai.
Pedro mudou de curso de inglês; foi estudar em outro um pouco mais barato, mas trinta quilômetros mais distante de casa. Pedro sabia que o custo seria maior, mas dessa forma, agradou a Marcelo, que foi estudar exatamente no curso de inglês que Pedro estudava, mas que era anseio de seu irmão. 
Diego saiu da escolinha de natação, onde frequentava sem a menor vontade as aulas naquela piscina olímpica aquecida. Foi para um clube de golfe.
Bruno, o filho mais velho, ganhou de prêmio a gerência de uma das lojas da família.
João reuniu os quatro filhos e entendeu que havia dado a todos aqueles que não lhe davam apoio nas decisões de casa o que eles queriam. Entendeu que teria ganho o apoio deles caso Maria o expulsasse de casa.
Maria apenas observou tudo.
João e os filhos e, é claro, Maria, sabiam que aquelas trocas e agrados não diminuiriam os custos da família e que a crise os atingiria. João queria apoio de sua casa até que as coisas voltassem ao normal.
Certo dia, João saiu para trabalhar. Maria reuniu os quatro filhos e disse:
- Agora que estamos onde queríamos estar, vamos enfrentar a crise de outro jeito.
João não pôde mais voltar para casa. Seu plano de camuflar as contenções de custo não deu certo. Até Pedro concordou com Maria. Porque Pedro não era bobo.

A presidente Dilma anunciou sua "Reforma". Estaria correto, gramaticalmente falando, se pusesse quatro ou cinco pares de aspas na palavra reforma?
Em termos práticos, que corte é esse que o Governo fez? Mudar nomes de ministros para secretários, aliciamento de votos para a aprovação de novos impostos, chantagem...
O próprio PMDB não confirma que vai garantir os votos necessários para o governo. Mas, de uma forma ou de outra, aceita de braços abertos novos postos, cargos e poderes. Como raposas, aumentam sua área de domínio antes do golpe final na presidente.

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