terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quando a pimenta é refresco

Não basta a vergonha de ser brasileiro. Não basta a indignação daquilo que vemos e lemos. Não basta ter que engolir em seco o que nos empurram dia após dia. Seria nosso carma, castigo, destino? Seria o que de fato merecemos? Talvez, provavelmente, com certeza.
Alguns meses após as eleições presidenciais, durante as quais já nos banhávamos em meio a inúmeras denúncias de corrupção, começamos a experimentar o amargo sabor da irresponsabilidade administrativa de um governo, outrora socialista e humanitário, mentiroso, corrupto e perdido. Chantagistas e oportunistas são ainda considerados heróis de uma época mal explicada, quando estas mesmas figuras revolucionárias lutavam contra um determinado modelo opressor, que tinha muitas críticas sobre si, menos, digamos, menos essa inescrupulosa trama de corrupção, jogo de interesse, etc. Tentam camuflar suas ações com discursos demagógicos que não colam mais. 
Não basta a revolta. Não basta!
Uma crise mundial se desenhava nos últimos meses mas apenas o Brasil estaria imune. E muitos acreditaram no improvável, acreditaram num discurso mal feito à despeito de todo alerta emitido. Acreditaram na ingenuidade. Todos foram ingênuos. E talvez os próprios corruptos sejam ingênuos. 
Não acredito, porém.
Acreditam num Brasil dementado que não tem memória de seus verdadeiros heróis. 
Heróis não são os exilados, os artistas, os esportistas. Nossos heróis são os mesmos ingênuos que acreditaram num olhar mentiroso que sabia de tudo o que estava por vir mas omitiu. Nossos heróis pagam a pesada conta da irresponsabilidade, da mentira, da corrupção.
Não basta reconhecer que somos os heróis-trouxas. Ainda por cima temos que pagar a conta da tragédia.
Os heróis exalam tristeza e desânimo.
O corte no orçamento não inclui suas falcatruas e desvios. A simples proposição de uma nova CPMF é o exemplo de total desconsideração com nossos heróis. A negociação para aprovação por parte do Congresso é nojenta. Aumentar a alíquota para que alguns Estados "lucrem" com tal imposto é de dar um nó na garganta, é desanimador. É de se perder a esperança de dias melhores. 
Não basta uma das maiores cargas tributárias do mundo. É preciso aumentar ainda mais para que a parte deles não seja comprometida. E quando acreditávamos que uma falsa oposição lutaria contra esse legítimo furto, surgem negociando uma alíquota diferenciada para atender aos seus próprios interesses. É como se tivessem maturando uma pimenta na garrafa. E no final, todos sabem onde é que vai arder.

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